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sábado, 20 de junho de 2009

À CIDADE DA BAHIA


Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente,
Pelas drogas inúteis, que abelhuda,
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus, que de repente,
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fôra de algodão o teu capote.



Gregório de Mattos. Poemas escolhidos.Ed.de José Miguel Wisnik. São Paulo:Culrix, 1975. p.40; 42)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Abstrato e Concreto


Tudo o que não revelo

Pelo bem de quem mais quero,
Por saber que não há retorno,
Para não causar-lhe transtorno
Ou algum constrangimento
Guardo trancado no peito...
Abstratos sentimentos,
Esmiuçados lamentos,
Eternizados momentos
Que me fizeram crescer,
Que me fazem viver,
Ou quem sabe morrer...


O que trago no peito
É muito abstrato...ninguém pode ver...
É muito querer... sem nada ter...
É tanto amor...sem nenhum calor...
É desejo, é carinho,
É sofrer em desatino...
Até transbordar...
Sair da abstração,
Revelar a paixão
E se concretizar...
Quando não há mais jeito
O amor sai do peito...
Se revela e apela,
Mostra a cara e encara
E com jeito, sem medo,
Tende a se materializar...


Procura da Poesia


Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários,
os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo,
tão infenso à efusão lírica.


Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.


Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas
nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar
nas ruas junto à linha de espuma.


O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.


Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.


Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.

Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.


Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.


Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.



Carlos Drummond de Andrade

Quem Sabe um Dia.

Quem Sabe um dia
Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!
-
Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!
-
Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!
-
Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!
-
Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois
-
Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
-
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois
-
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois.

Mário Quintana

O Rei dos Animais

Millôr Fernandes

Saiu o leão a fazer sua pesquisa estatística, para verificar se ainda era o Rei das Selvas. Os tempos tinham mudado muito, as condições do progresso alterado a psicologia e os métodos de combate das feras, as relações de respeito entre os animais já não eram as mesmas, de modo que seria bom indagar. Não que restasse ao Leão qualquer dúvida quanto à sua realeza. Mas assegurar-se é uma das constantes do espírito humano, e, por extensão, do espírito animal. Ouvir da boca dos outros a consagração do nosso valor, saber o sabido, quando ele nos é favorável, eis um prazer dos deuses. Assim o Leão encontrou o Macaco e perguntou: "Hei, você aí, macaco - quem é o rei dos animais?" O Macaco, surpreendido pelo rugir indagatório, deu um salto de pavor e, quando respondeu, já estava no mais alto galho da mais alta árvore da floresta: "Claro que é você, Leão, claro que é você!".
Satisfeito, o Leão continuou pela floresta e perguntou ao papagaio: "Currupaco, papagaio. Quem é, segundo seu conceito, o Senhor da Floresta, não é o Leão?" E como aos papagaios não é dado o dom de improvisar, mas apenas o de repetir, lá repetiu o papagaio: "Currupaco... não é o Leão? Não é o Leão? Currupaco, não é o Leão?".
Cheio de si, prosseguiu o Leão pela floresta em busca de novas afirmações de sua personalidade. Encontrou a coruja e perguntou: "Coruja, não sou eu o maioral da mata?" "Sim, és tu", disse a coruja. Mas disse de sábia, não de crente. E lá se foi o Leão, mais firme no passo, mais alto de cabeça. Encontrou o tigre. "Tigre, - disse em voz de estentor -eu sou o rei da floresta. Certo?" O tigre rugiu, hesitou, tentou não responder, mas sentiu o barulho do olhar do Leão fixo em si, e disse, rugindo contrafeito: "Sim". E rugiu ainda mais mal humorado e já arrependido, quando o leão se afastou.
Três quilômetros adiante, numa grande clareira, o Leão encontrou o elefante. Perguntou: "Elefante, quem manda na floresta, quem é Rei, Imperador, Presidente da República, dono e senhor de árvores e de seres, dentro da mata?" O elefante pegou-o pela tromba, deu três voltas com ele pelo ar, atirou-o contra o tronco de uma árvore e desapareceu floresta adentro. O Leão caiu no chão, tonto e ensangüentado, levantou-se lambendo uma das patas, e murmurou: "Que diabo, só porque não sabia a resposta não era preciso ficar tão zangado".

MORAL: CADA UM TIRA DOS ACONTECIMENTOS A CONCLUSÃO QUE BEM ENTENDE.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

‘- Gramática prescritiva.
É o conjunto de regras que normatizam o falar e o escrever de acordo com a língua padrão, que estuda a fonologia, morfologia, semântica e sintáxica.
‘Do dicionário:
1. Ling. Conjunto de regras que normatizam o falar e o escrever corretamente, segundo a língua-padrão.
2. Ling. Estudo em que se expõem essas regras.
3. Obra em que essas regras são expostas de maneira racional e didática: Escreveu uma gramática de alto nível.
4. Exemplar dessa obra: Ia sempre às aulas com a sua gramática na mão.
5. Ling. Estudo sistemático dos elementos (palavras, fonemas etc.) que constituem o sistema de uma língua: Gramática do tupi-guarani.
6. Conjunto de normas, regras, técnicas etc. que regem uma arte, ciência etc.: Seus filmes têm uma gramática própria e surpreendente.
‘-Gramática descritiva.
Tem como principal objetivo descrever o conhecimento de uma língua, independentemente de ser considerada correta pela norma-padrão.
‘Do dicionário:
1. Gram. A gramática tradicional de uma língua em um momento (sincrônica).2. Ling. Descrição completa e objetiva de todos os elementos de uma língua em um momento (sincrônica), em qualquer de suas variantes, tais como se apresentam nos enunciados produzidos, numa dessas variantes, por qualquer grupo de seus falantes nativos, sem filtros, críticas, correções etc. provindos de outras variantes possíveis; gramática expositiva.
‘-Em gramática, o que é estilística?
São estudos que servem para conferir a mensagem de mais impacto, estilo, beleza ou qualquer outro recurso expressivo.
‘Do dicionário:
1. Subdivisão da gramática que ainda é divida em três tipos de figuras de linguagem.
•figuras de sintaxe (ou construção): figuras pelas quais a construção da frase se afasta de algum modo, do modelo de uma estrutura gramatical, para dar destaque significativo, como processo estilístico, a algum membro da frase. • figuras de palavras: figuras que estão relacionadas com a mudança de sentido das palavras. 3) figuras de pensamentos: figuras que se posicionam no plano das idéias; faz-se por imaginação, por raciocínio, por desenvolvimento ou por significação simbólica.
•figuras de pensamentos: figuras que se posicionam no plano das idéias; faz-se por imaginação, por raciocínio, por desenvolvimento ou por significação simbólica.

Obs.: É uma parte da gramática que estuda as figuras de linguagem e as dividem em três classes.